sábado, 14 de janeiro de 2012

“Namorados Para Sempre”, com Michelle Williams e Ryan Gosling, retrata os dias negros do final de um relacionamento, por Luciana Borges

Texto escrito por Luciana Borges e publicado no site Colherada Cultural em 10/06/2011:



Quando começa a derrocada de um relacionamento? Quando o “somos tão bons juntos” se transforma em “não sinto mais nada por você”? Em que momento aquela fagulha inicial que une duas pessoas se esvai de tal forma que o carinho dá lugar ao ressentimento? “Namorados Para Sempre”, excelente drama romântico com Michelle Williams e Ryan Gosling (do ótimo "A Garota Ideal"), não fornece nenhuma resposta para estas questões, mas mostra o quanto é doloroso assistir ao esfacelamento de uma relação quando as diferenças se tornam insuportáveis a ponto de atirar o amor porta a fora.

A estreia desta sexta (10) colada ao Dia dos Namorados não é o melhor programa para pombinhos apaixonados. Dirigida pelo pouco conhecido Derek Cianfrance, a história mostra Cindy e Dean, um casal comum do subúrbio que tenta se sustentar e criar a filha Frankie, uma garotinha fofíssima. Ele trabalha como pintor de paredes. Ela como enfermeira. No tempo que passam juntos, Cindy geralmente está reclamando de alguma bagunça da casa ou aparece totalmente cansada de sua jornada de trabalho. Dean faz as vezes do marido legal e brincalhão, que tenta diminuir a distância no casamento convidando-a para uma festinha particular em um motel barato da cidade enquanto a filha visita o avô. O ritmo do filme é lento e a ação se repete enfatizando como pequenos problemas se transformam em grandes motivos para provocar uma briga.

O que torna tudo mais doloroso para o espectador são os flashbacks responsáveis por contar, em meio aos desencontros atuais, como o casal se conheceu. A primeira conversa, a primeira risada, os passeios que faziam juntos, o drama que enfrentaram quando Cindy ficou grávida, o casamento em um cartório local, sem brilho ou festa, mas com os dois esfuziantes de alegria. Esta sequência, inclusive, é entrecortada pela conversa final entre os dois, quando tentam se apegar aos últimos motivos para que nem um, nem o outro, vá embora deixando uma vida toda para trás.

Boas cenas também acontecem quando eles estão no motel absolutamente kitsch, cujo quarto de temática futurista faz a decoração prateada deixar os rostos dos protagonistas de uma cor pálido-azulada. Tudo é triste, os olhares, as frases mal interpretadas, as tentativas desconcertadas de fazer sexo, as cobranças de um para o outro. Bem diferente da fotografia de cor ensolarada que os persegue quando acabam por se conhecer e namorar. 

No entanto, o que fica martelando na cabeça ao subir os créditos finais é uma “frasesinha” dita pelo personagem de Gosling, um sujeito sem muito verniz, mas daqueles bem francos, que filosofa na carroceria de um caminhão de mudanças ao lado dos colegas de trabalho. Para ele, os homens quando finalmente decidem por uma única mulher, fazem essa escolha de forma consciente. Já as mulheres sempre esperam por algo melhor, ainda que já estejam comprometidas. É a eterna busca pelo príncipe encantado, que nunca acaba mesmo quando ele está ao lado. Há algo aí para se pensar, meninas: será que nossa geração é a de insatisfeitas compulsivas?






Luciana Borges,
jornalista e crítica de cinema do site Colherada Cultural.

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